sexta-feira, 18 de junho de 2010

Entrevista com o jornalista Roberto Monteiro


Paulo Roberto Monteiro, natural de Dois Córregos, em São Paulo. Começou no jornalismo como rádio-escuta e no serviço de atendimento ao ouvinte na Jovem Pan, em 1976. Em seguida, tornou-se rádio escuta do plantão esportivo, então sob o comando de Milton Neves. Na Copa do Mundo de 1978, estava no plantão na partida em que a Argentina venceu o Peru por 6 a 0 e garantiu vaga na decisão. Cobriu diversas Copas do Mundo e campeonatos internacionais de futebol. Em 2001, em busca de qualidade de vida, mudou-se com a família para Salvador. Trabalha atualmente na Tv Itapoan/Record e apresenta o programa Esporte Record. Em entrevista, Roberto contou o que acha dos programas populares líderes de audiência na Bahia.


-Como você definiria o jornalismo popular na Bahia?

Não difere muito do que é feito em outros estados do Brasil, Rio e São Paulo, são exemplos disso. Acho apelativo e apenas voltado para somar pontos de audiência, sem a minima preocupação com ética, qualidade.

-Ao chegar à Bahia, você se espantou diante de vários programas populares que são líderes de audiência?

Como já respondi acima, isso também existe em São Paulo, logo vejo como normal este tipo de programa. Já o nível de audiência dos mesmos.....

-Por que esse tipo de programa a seu ver faz tanto sucesso? Em São Paulo também acontece isso?

Justamente pelo público alvo que pretende atingir....Pessoas de baixa escolaridade, de pouca renda....aliás, uma tônica do que é popular no Brasil é justamente isso....tudo que é desgraça é notícia, merece atenção, desperta curiosidade....vale para todo o país.

-Se lhe convidassem para fazer esse tipo de programa, você aceitaria o convite?

Sou profissional, não devo me negar a fazer qualquer tipo de programa.....se valesse apenas o meu gosto não faria, mas nós todos temos que nos adaptar às tendências de um mercado de trabalho tão restrito e que aceita cada vez mais "curiosos" e "convidados" que mais soam como oportunistas que profissionais sérios no seu trabalho.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dizem por ai...

Laura Seligman e Karis Regina Brunetto Cozer defendem no texto “Jornais Populares de qualidade: Ética e sensacionalismo em um novo padrão do jornalismo de interior catarinense” que “se a liberdade de imprensa configurou-se em grande conquista para a sociedade e para categoria dos jornalistas, o discurso da liberdade de imprensa muitas vezes serve como máscara para abusos e deslizes éticos. É um limite tênue que pode acarretar grandes riscos”.

Carlos Chaparro (foto), autor do texto “Jornalismo da exclusão”, comenta que “no jornalismo popular digno desse nome, os critérios de pauta, redação e edição teriam de ser ditados pelo interesse dos fracos, dos explorados, dos oprimidos, dos injustamente punidos pela sociedade e pelo quotidiano”.

Para Carlos Chaparro “há quem pense que para um jornal ou programa jornalístico ser considerado popular basta a agressividade visual e verbal. Embora indispensáveis, tais recursos de linguagem são insuficientes para qualificar um jornal ou programa de rádio ou TV como populares. Jornalismo popular é aquele que capta, compreende e relata a atualidade na perspectiva oposta à das elites – entendendo-se por elites (a nata, a flor, a fina flor de uma sociedade ou de um grupo) as minorias prestigiadas e dominantes, constituídas pelos mais poderosos, que se consideram também os mais aptos”.

domingo, 13 de junho de 2010

O que você acha dos programas populares da TV baiana?


Os programas populares da TV Baiana exibem cenas e opiniões polêmicas sobre violência e sexualidade.
Na semana passada, por exemplo, o Se Liga Bocão (TV Itapoan) levou ao ar imagens de uma pessoa vítima de um acidente de trânsito, na qual ela estava com pedaço do corpo esfacelado e sendo entrevistada pelo repórter do programa. O que você acha dos programas populares da TV baiana? Comente.

Neste gráfico cedido pela Tv Itapoan, podemos observar a liderança do programa Se Liga Bocão, com apresentação do polêmico Zé Eduardo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Direitos humanos x jornalismo popular

Junto com o jornalismo popular surgiram os questionamentos quanto aos parâmetros de ética na cobertura dos fatos por este viés.

Para a advogada Sílvia Cerqueira (foto), presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade da OAB, os programas exibidos na televisão baiana que são classificados como populares violam os direitos humanos por exporem as pessoas. “Ainda que sejam marginais, têm direitos assegurados e não são obrigados a serem expostos da forma que são”, explica a advogada.

A advogada Sílvia Cerqueira argumenta que os programas deveriam ter cautela no momento de apresentar fatos como pessoas detidas ainda sem terem culpa comprovada, por condenarem estes indivíduos diante da sociedade.

A advogada ainda ressalta que são poucas as atividades positivas retratadas nas comunidades estigmatizadas pela violência. “A situação se agrava pelas pessoas que sofrem com essas coberturas não terem condições de reivindicar ressarcimento e também por pertencerem às minorias sociais. É preciso valorizar as atividades nas comunidades carentes. É assim: Se os alunos do bairro fazem uma gincana, se os pobres e os negros fazem ações positivas as televisões não se interessam.”

Sílvia Cerqueira esclarece que por estes programas serem exibidos em horários em que normalmente as crianças têm acesso à televisão, acaba interferindo na formação intelectual delas.

“O traficante é exibido com a arma na mão, com roupas de marca, com poder, como se tivesse êxito na prática do crime, assim, dando um péssimo exemplo para as crianças que vêem com freqüência em suas comunidades estes perfis. É necessário que estas matérias sejam veiculadas juntamente com mensagens educativas, de conscientização, esperança, demonstração de que não é positivo seguir este caminho. Sem chacotas. Sem brincadeiras”, argumenta a presidente da comissão.

Programa "Que Venha o Povo"



O programa Que Venha o Povo é exibido de segunda a sexta às 12h45 sob o comando do jornalista Casemiro Neto. As reportagens investigativas e o atendimento à população continuam sendo o carro-chefe do programa.

Clipe programa "Na Mira"



O programa "Na Mira", é exibido de segunda a sexta, no horário do meio dia, pela Tv Aratu.  Apresenta matérias ligadas a polícia, especialmente crimes escandalosos, homicídios e assaltos.

Crime-Sexo-Escândalos

Para Laura Seligman e Karis Regina Brunetto Cozer, autoras do texto “Jornais Populares de qualidade: Ética e sensacionalismo em um novo padrão do jornalismo de interior catarinense”, nos anos de 1970 e 1980, o jornalismo popular era cerceado por um “tripé”: Crime-Sexo-Escândalos, através de fotos apelativas, mensagens de duplo sentido, estratégias sensacionalistas e exploração da tragédia.

Como exemplo, as autoras trazem o jornal Notícias Populares (reprodução ao lado), que chegou a ter uma tiragem de 180 mil exemplares diários, tinha um discurso impositivo e estigmatizante, e deixou de circular em 2001.

Para Ciro Marcondes Filho (1989), esta forma de fazer jornalismo é uma mera impressão da marcantilização da informação.

Seligman e Cozer defendem que, atualmente, apesar da violência continuar pautando esse segmento, “as imagens chocantes são cada vez mais raras” e o linguajar chulo e as matérias inventadas têm dado espaço para a busca por termos simples, didáticos, prestação de serviço e, conseqüentemente, a credibilidade.

No texto de Márcia Franz Amaral “Imprensa popular: sinônimo de jornalismo popular?”, a autora defende que o público não quer “histórias incríveis e inverossímeis”, mas pretende achar nos jornais matérias de prestação de serviço e entretenimento, por isso os jornais populares tem mudado a estratégia.

No entanto, para Amaral, o reposicionamento dos jornais não significa qualidade, até porque o objetivo principal é o aumento da tiragem, sendo assim o interesse do leitor é mais valorizado do que o interesse público.

A forma de distribuição é outro fator que influencia na hora da escolha das pautas. Geralmente, os jornais populares são vendidos em bancas, até por conta da dificuldade do acesso ao público-alvo; sendo assim a circulação se torna mais apta a promoções, sorteios, brindes, à cobertura de certos fatos, destaques esportivos, fofocas televisivas, ou seja, ao entretenimento.

Outro estereótipo que é abarcado pelo jornalismo popular é a idéia de que seu leitor tem maior interesse no assistencialismo do que por temas políticos e econômicos. Além de ter o mundo televisivo como referência, criando assim uma circularidade de pautas.

Relembre o programa "Aqui Agora"



O programa "Aqui Agora", estreou em 1991, no Sbt. Seu grande foco era reportagens policiais especiais sobre homicídios, crimes escandalosos, assaltos, entre outros. Tinha como apresentação o polêmico "Gil Gomes", e contava com uma equipe de jornalistas:  Wagner Montes, Jacinto Figueira Júnior, conhecido como "o Homem do Sapato Branco", e César Tralli, que hoje é um dos principais nomes  da Rede Globo.

Pancadaria no Periperi Folia - Matéria Se Liga Bocão



Matéria exibida no programa "Se Liga Bocão", com apresentação de Zé Eduardo. No dia da exibição, o programa teve uma média de 25 pontos com pico de 32 pontos. Líder de audiência no horário.