Para Laura Seligman e Karis Regina Brunetto Cozer, autoras do texto “Jornais Populares de qualidade: Ética e sensacionalismo em um novo padrão do jornalismo de interior catarinense”, nos anos de 1970 e 1980, o jornalismo popular era cerceado por um “tripé”: Crime-Sexo-Escândalos, através de fotos apelativas, mensagens de duplo sentido, estratégias sensacionalistas e exploração da tragédia.
Como exemplo, as autoras trazem o jornal Notícias Populares (reprodução ao lado), que chegou a ter uma tiragem de 180 mil exemplares diários, tinha um discurso impositivo e estigmatizante, e deixou de circular em 2001.
Para Ciro Marcondes Filho (1989), esta forma de fazer jornalismo é uma mera impressão da marcantilização da informação.
Seligman e Cozer defendem que, atualmente, apesar da violência continuar pautando esse segmento, “as imagens chocantes são cada vez mais raras” e o linguajar chulo e as matérias inventadas têm dado espaço para a busca por termos simples, didáticos, prestação de serviço e, conseqüentemente, a credibilidade.
No texto de Márcia Franz Amaral “Imprensa popular: sinônimo de jornalismo popular?”, a autora defende que o público não quer “histórias incríveis e inverossímeis”, mas pretende achar nos jornais matérias de prestação de serviço e entretenimento, por isso os jornais populares tem mudado a estratégia.
No entanto, para Amaral, o reposicionamento dos jornais não significa qualidade, até porque o objetivo principal é o aumento da tiragem, sendo assim o interesse do leitor é mais valorizado do que o interesse público.
A forma de distribuição é outro fator que influencia na hora da escolha das pautas. Geralmente, os jornais populares são vendidos em bancas, até por conta da dificuldade do acesso ao público-alvo; sendo assim a circulação se torna mais apta a promoções, sorteios, brindes, à cobertura de certos fatos, destaques esportivos, fofocas televisivas, ou seja, ao entretenimento.
Outro estereótipo que é abarcado pelo jornalismo popular é a idéia de que seu leitor tem maior interesse no assistencialismo do que por temas políticos e econômicos. Além de ter o mundo televisivo como referência, criando assim uma circularidade de pautas.
Notas do Programinha Salvador
Há 11 anos
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